terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ando com sono
ando sem os pés
ando com as mãos
ando sem mim
ando
somente
ando
e aquele cansaço
insiste em gritar
pelo amor
que tanto sinto
vontade de
executá-lo
fazê-lo
dançá-lo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

e as falanges insistem em coçar
as intermináveis células do meu ser
expulsando-as por metro quadrado
da minha pela avermelhada
de tanto as unhas rasparem-na
e o ilio-psoas insiste tanto em doer
que nem percebo o quanto
isso não impede a minha realização
a minha interação total
entre o ser, estar e permanecer
entre ver, pensar, calcular o espaço e agir
e dançar, saltar, girar, pular, lançar um tunder-flash
seguido de um fouetè, acompanho de um tour en lèr
e o suor pinga consideravelmente
numa mesma proporção do cansaço físico
do cansaço mental, do cansaço espiritual
da exaustão. da exaustão essa que
vibra, martela, bombeia, estremece
meus vasos sanguíneos pedindo
um tempo, um intervalo, uma parada.
o problema deveria ser de fácil resolução,
só que a necessidade masoquista
de se exaurir faz do bailarino dançar
V-E-R-D-A-D-E-I-R-A-M-E-N-T-E!
Afinal marcar, não é o mesmo que ensaiar
e ensaiar não significa perfeição
a perfeição só é atingida no momento
em que o ser humano deixa de raciocinar
e executa e faz e age e dança.
são tantos 8's a contar, a metrificar a entrada
do corpo em ação, que graham já falava
"dançar é verbo"
e esse verbo que verbaliza a ação presa
prestes a explodir de suas entranhas
partindo do centro do corpo
em direção às extremidades
carregando intenções que comunicam
que transmitem uma mensagem
em códigos significantes
que devem ter um sentido concreto
e real que ao ser captado
pela retina do espactador e as imagens
enviadas ao cérebro, possam ser interpretadas
por quem assiste, por quem se indaga, por quem presencia
a linguagem dançada, expressada, dita.