quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ah, o que faz a saudades...
Te faz ler, ver, ouvir coisas
que só te fazem lembrar
e aumentá-la até não se saber mais o que fazer.
Saudade, palavra que existe apenas
na língua portuguesa,
mas que você sente até
distante a 7 léguas.
Dias com saudade
são tristes, mas se a sua
é leve, ela te dará uma leveza
nos teus dias e até te fará
sorrir por momentos.
Noutros, você vai chorar,
noutros, secarás suas lágrimas,
por fim, noutros, entenderá
que não há como não se ter
saudade
quando não há como se
apagar o que se sente pelo próximo.
É apenas conviver com isso,
ao passo que um dia,
você, meio sem perceber,
compartimentaliza o sentir,
e a saudade aquieta em teu peito
e você se acalma.
Mas até lá, viva, chore, lembre,
vai te fazer bem, de alguma forma,
mas te fará.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

De retour à Paris.


Bonjour, Paris!
Versailles était belle.
Mas a saudades de ti e de sua primavera,
não me fazem deixá-la por tanto tempo.
Por hora, lembrei de Londres.
Ah, Londres! Precisamos nos rever.
Esse caso dúbio de amor, deixa-me polvoroso.
Cá estou, inspirando o belo cheiro de suas flores,
e esqueci de contar-te, minha bela Paris. Algo aconteceu nessa ultima hora.
O leão de Nárnia e eu fizemos as pazes, outra vez.
Nossa história é complicada, mas há algo
que faz com que nos entendamos. Não sei explicar,
muito menos ele, como disse, mas é assim.
A gente se entende, se desentende, e vamos caminhando.
Enfim... espera um pouco. /// Olha, só quem vejo!
Meu pássaro verde. Ele está revoando a janela da frente.
Ora, como me agrada tanto vê-lo.
Ele sempre gentil e fofo, me ajudando a cuidar e regar o meu broto.
Cada vez que nos encontramos, fico tão bem, a companhia dele é fantástica.
Espero que ele goste da surpresa que tenho para ele.
Ops! Falei demais! Melhor ficar quietinho.
Ontem, eu ouvi algo que me marcou.
A Fada Madrinha da Cinderella, isso mesmo, aquela bondosa fada, me disse:
"A arte é a melhor maneira de curar a loucura",
ou foi algo do tipo. Citação certa ou não,
eu concordo com ela e isso me fez pensar bastante,
pois sou feito de amor e pensamentos da cabeça aos pés,
e para fazer algo, preciso amar o que faço,
pois só o amor nos faz amar e só o amor nos faz deixar de amar,
quem ou o que, nos foi tirado. Ou, só o amor, nos faz parar
de lutar contra o que sentimentos e aceitar que serão apenas
as boas lembranças que ficarão quando tudo findar.

Tão bom, viver a minha primavera, respirar a minha primavera,
e perceber que os meus jardins de outono, outrora, se transformaram
em belos jardins de primavera, que liberam um ar puro e tranquilo,
sem que haja mais o temor da tempestade, já que no fim, a água sempre seca,
e a terra fica apropriada, as flores no seu processo de reprodução, acabam
dando a chance de outras botarem, e isso é o que me basta.

Mas elas são tão esplendorosas, que acabam também dando a chance do amor brotar
e fazer feliz a quem ama a vida, a quem se ama e a quem é amado.
Só o amor nos traz a felicidade, a sabedoria e o discernimento
para sabermos viver o ar puro de uma bela primavera refrescante
anunciando um verão parisiense encantador.
O sol está esquentando a sua alma, aproveite, viva o amor, viva amando.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Versalhes através do Espelho.


Desde quinta, ou sexta, creio eu, estou sensível.
Não sensibilizado, sensível, eu digo. Afirmo, melhor dizendo.
Paris está estranha, confusa, com uma neblina intensa. Os ares da primavera estão meio tempestuosos,
ao passo que se fazem brisa a acalentar e a atormentar corações alados.
Foram dias tumultuados. Todos vieram me ver.
Rei Branco e sua Rainha Branca, a Rainha Vermelha, o Grifo,
o Humpty Dumpty, a própria Alice, o acendedor de lampiões,
Tweedledum e Tweedledee, Cinderella, Bela Adormecida, o Chapaleiro, a Lebre de Março,
o Caxinguelê, a Raposa, a Duquesa, o Cavaleiro de Sagitário, Chelshire, foram tantos...enfim, estou vivo.
Me fizeram bem, eufórico, mas pairava o medo das
Rainhas de Copas e Bunckingham, comparecerem.
Não saberia reagir a elas. /// Minto.
Saberia sim, reverências, pois a fantasia de princesa ainda impera,
mas, a educação iria pairar no ar. Sim, ser educado e gentil, sempre,
com qualquer pessoa, mesmo que sejam as temidas rainhas. Afinal, um dia o salto quebra e elas despencarão. Espero que não se machuquem muito.
Faltava alguém. Faltava a moça do cesto de doces. Chapeuzinho, faltou você em meio nessa polvorosa festa em Versalhes. Mas nem pense que esqueci de ti, meu passarinho verde. Você foi outro personagem a fazer falta. Só não me peça para aceitar seus motivos.
Sentirei sua ausência, pelos dias primaverísticos, ou quaisquer sejam eles em todas as estações, que se arrastam e brotam em Paris.
Até aí, estaria tudo bem se a Rainha Branca e o Leão não saíssem de Nárnia.
Ela, por um aviso, mexera tanto comigo, que me deixara desconcertado.
Ele, por ressurgir, depois que eu sairá de lá, às duras penas, reaparece,
jurando amizade, companheirismo, e o pior, auxílio e apoio.
Tenho de confessar, eu e o Leão há tempos não nos damos bem.
Não temos nenhuma ligação, mas mesmo assim, não há amizade.
Lutas, feridas adiquiridas de suas garras e mordidas em meu ser, acabaram comigo.
O trauma, acompanhado da vacina, são enormes, me deixa atordoado e
despreparado, em pânico, eu afirmo, ao me deparar com sinais próximos
do Leão em outro seres de Nárnia, através do espelho.
Devo confessar, novamente, nem sei ao certo mais, se antes, aqui, havia confessado algo,
enfim, confesso-lhe que a Rainha Branca de Nárnia mexeu muito mais comigo do que o Leão.
Estou angustiado, tomarei meu ansiolítico.

domingo, 26 de maio de 2013

Uma noite em Versalhes.


Senti saudades de mim.
Também, foram tantos dias corridos,
esses últimos, e de tão corridos,
eles se fizeram pelo nublado
do céu parisiense.
O nublado era tanto,
que fomos para Versalhes,
haveria a grande noite de gala,
e não poderia faltar. Afinal, eu
era uma das estrelas.
Versalhes estava com o céu limpo
foi um dia tranquilo.
revi alguns amigos, outros colegas,
que pegaram seus transatlânticos,
aviões, barcas ou carros e vieram
ao meu encontro. Foi uma noite linda!
Até os mais próximos da rainha inglesa,
compareceram e tornaram, junto aos demais,
a noite agradabilíssima e fantástica.
Era a finalização da minha conquista profissional,
ao menos do início da caminhada.
Mas faltava algo. Algo que me fizera e fazer
sofrer calado, mesmo depois da fantástica noite
regada a muitos amigos e seres encantadores.
Ela não estava comigo. Sonhara sempre com nós
dois naquele momento. Versalhes e suas flores,
sim, a primavera ainda continua,
estavam chorosos. Eu e eles, estávamos.
Ela não teve como embarcar a Versalhes.
Tentou, correu, de um canto a outro,
mas não haviam mais passagens.
Parecia um randevu, de tanta gente naquele palácio.
O aviador, a raposa, o príncipe, a rainha de copas,
a vermelha e a branca e seus respectivos maridos,
Poseidon, até minha florzinha, se pôs em um pequeno vaso
e foi ver-me encerrando essa fase.
Só não supero a ausência da garota dos doces e do meu passarinho verde. Mas, enfim...
Agradeço a todos que estiveram em Versalhes.
Aquela noite só chegou à perfeição com a presença de vocês.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Um segundo dia de Primavera em Paris


É, a primavera em Paris, chegou.
E para quem tinha receio deste fatídico dia,
ela já se mostra fria e com uma grande
quantidade de água caindo céu a baixo.
Esse era o meu medo.
Se a primavera trouxesse consigo
o frio, como lidaria com isso?
Tenho dois amigos pássaros.
Um de cor verde, que hoje já não se incomoda mais em ser assim,
outro, de cor branca, feito a neve, mas que de frio não há nada.
O branco, certo dia comentou, se o frio chegar, você corre
pega o cobertor e se agasalha.
O verde, vira e me diz algo tão belo que nem sei
explicar como me tocou.
Disse ele, alguns dias são mais difíceis que os outros,
mas espero que hoje você consiga perceber,
que consegue sobreviver para os dias quentes
da primavera de Paris.
De certo que o dia hoje amanheceu nublado na cidade,
quase não dá para se ver a torre,
mas o leve frio, consegue esquentar a alma de quem ama.
A minha volta a esquentar,
algo de muito bom para um segundo dia de primavera parisiense.
Ontem não foi um dia fácil. Criei certo trauma com a numeração 7,
ou qualquer soma, subtração, multiplicação ou divisão,
que recaia sobre esse número. E ontem, resultava-se nele.
O menos pior é que poucas vezes lembrei desse número fatídico,
e o dia não foi pior. Você soube levar adiante.
Saudações para ti. Estás de parabéns.
Hoje a soma se dá na casa 8, menos mal,
o infinito à sua espera.
O que achas?
Não seria o momento de correr pelos campos primaverísticos de Paris?
Eles estão limpos, sem folhas caídas ao chão,
apenas o verde brotando cada vez mais e
as flores surgindo em mais e mais cores.
O céu está azul, as cores são fortes e irradiam energias positivas,
inclusive para que o 7 seja apenas um numeral cardinal
dentre tantos outros.
Eu sei, talvez demore para ele ser irrisório, mas esforce-se,
tente, faça diferente. Não existem monstros que nos façam
perder a coragem e esmaecer de medo.
Nós é que os tornamos grandes demais do que são,
ou melhor, nós que os tornamos monstros, afinal nem formigas, eles são.
Você é forte, nós somos fortes, estamos juntos nessa batalha,
você e eu, que ainda sou pequeno, uma criança ganhando forças
em minhas pernas robustas para que saiamos, de mãos dadas,
a sermos felizes. Você me criando, me educando e eu te fazendo a si.
Você e eu somos mais fortes do que qualquer ser autodestrutivo.
Nós superamos todos que nos apresentaram em pele
de reis, rainhas, princesas e quaisquer outras fantasias.
Vamos adiante, pois temos o 8 ao nosso favor, certo?
Vamos, venha, eu estou contigo e nós nos protegeremos.
Eu a você e você a mim, feitos um para o outro.
Percebeu?
Não há de ter traumas,
somente aprendizados e você conseguiu mais um.
Levante, confie em si, pegue em minha mão, eu te protejo.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ame. Ame. Ame.


Está bem, tenho de aceitar que hoje é a minha primeira noite de insônia,
desde que tudo começou a desandar, ou como preferem dizer minha psicóloga e terapeuta,
em que começaram-se as mudanças.
As vezes Poseidon e Hades se confundem numa mesma pessoa.
Isso é confuso. Ou você controla, ou pensa em controlar, os mares,
ou o reino dos mortos. Só que Poseidon tem sido tão enfático, que parece
entrar em uma fusão com Hades. Isso me assusta, mas ninguém melhor do que Zeus,
irmão de ambos, para empatar essa fusão ou apartar os conflitos gerados por ela.
Seja Hades ou Poseidon, enfim, isso não importa nesse momento,
mas o importante é que ao avistar os fundos do meu jardim de outono, da janela da cozinha,
percebo, bem lá de longe, sem muita certeza, portanto, que parece-me que algumas flores brotam da grama.
Serão mesmo flores? Estou confuso. Serão flores que anunciam a primavera,
ou alguns flocos de neve, que de longe nos confunde como uma flor brotada?
As vezes creio que minha primavera já chegara, noutras, tenho medo disso ser verdade.
Tenho medo de ser só ilusão ou que sendo verdade, ela não traga apenas bons momentos.
Isso me deixa paralisado e apático. Tenso.
És tu primavera parisiense, ou apenas mais flocos de neve que anunciam outro inverno rigoroso?
Não sei ainda. A visão que tenho é tão embaçada, que gera minha incerteza.
O medo não me permite chegar até lá e enfrentar seja qual for a situação.
Lembrei-me de Bunckingham, por um instante, e não foi uma boa lembrança.
A rainha me parece muito mais a Rainha de Copas de Alice,
do que o rei Sutão de Alladdin.
"Cortem-lhe a cabeça" ou "Gênio, eu desejo ser muito feliz!"
Rá! Felicidade, como se tu existisses plenamente.
Mas todos não a buscam? Então acreditemos que ela existe, ora bolas!
Estou entre a cruz e a espada. Se correr, o bicho pega, mas se ficar, sou dilacerado.
Uma confusão permeia minha alma e mente. Não sabemos qual decisão tomar:
seguir à diante e enfrentar a paisagem branca que se apresenta, ou continuar da janela esperando ver
se ela aumenta, por serem flores brotando, ou se seu crescimento é só pela nevasca que começara a cair.
Tenho medo. Estou paralisado. Não sei que decisão tomar. É o medo do futuro.
No entanto, futuro esse de quem ainda não consegue enxergá-lo,
mas que, ironicamente, ele se apresenta em forma de presente bem sucedido a cada dia.
Ou, o medo de um novo inverno que por pouco arrancara meu sangue de dentro de mim.
O novo congela, pára, inativa o ser humano, talvez até, tire a coragem para desfrutá-lo.
Está bem, estou com medo. Ele está com medo.
Em certo momento do meu medo, corri para a janela da frente e avistei meu pequeno broto. Como ele estará?
Ufa! Ele está firme, forte, sem nada branco ao seu redor.
Porém, ainda estou nervoso, só que um pouco mais aliviado, se forem flocos de neve, eles ainda não atingiram minha esperança particular, e sendo assim, eu tenho chances de não deixar que isso ocorra.
Foi quando, corri para a janela da qual avisto o jardim vizinho e me assustei.
Uma enorme névoa sombreava minha flor. Fiquei desesperado. Jurei a mim mesmo que não a deixaria sofrer se quer nenhum arranhão. E agora? Ela está em perigo, mas meu medo me trava. O que faço?
Voltei para a cozinha. Meu medo ainda me deixa imóvel.
Ele não quer enfrentar a paisagem branca ao fundo do seu jardim de outono,
pelo receio de não serem flores, anunciando alguma primavera,
mas sim, flocos de neve que caem rapidamente, gerando uma forte nevasca.
Mas, eu sou forte, eu sou muito maior que o meu medo, eu sou mais eu e eu mereço mais do que singelos floquinhos de neve e um presságio de nevasca que será irrisória.
Eu mereço mais, então, portanto, eu assumo o início da minha primavera parisiense, nem que para isso,
eu mesmo tenha de expulsar os flocos de neve do meu jardim.
Diria-me Louise Hay, se acaso nos encontrássemos e lhe contasse toda a história. Ela sempre diz: comece com afirmações positivas, elas gerarão sentimentos positivos e ambos aliados, gerarão, ações positivas e sua vida começará a mudar, do micro, para o macro.
Então, está bem, sou forte o suficiente para assumir: minha primavera parisiense começou.
A coragem tomou-me por inteiro, que nem sei explicar como isso ocorreu,
e lá eu fui, nos fundos do meu jardim de outono e constatei, são flores que brotam.
A felicidade, também, tomou-me por inteiro, nem sei como explicar, só sei
que me fez correr para a janela em que vejo o jardim vizinho, e ver que a névoa passara.
Estou feliz e aliviado. Consegui salvar minha florzinha. Sim, eu consegui.
Corri, então, para a janela da frente, como estaria meu broto?
E o avistei intacto.
Ai, que alívio. Finalmente, pude respirar profundamente.
Inspirei. Respirei. Não pirei, por pouco, eu sei, mas não pirei e isso é o que importa, ora.
Fora só um susto que quase tomou conta de meus anseios e desejos.
Mas espere!
E se o medo da nevasca ou do frio voltar a incomodar o início de minha primavera?
Relaxa. Inspira. Respira. Não pira. Não se estresse à toa e não tema por antecedência.
Eu sei, é difícil, pessoas ansiosas não sofrerem de véspera, é quase que arrancar seus corações.
Mas não tema, pois na primavera também há chuva.
No entanto....se a chuva for forte e destruir minhas flores?
Calma, confia em ti mesmo, confia na energia espiritual, em deus, com o tempo, as flores voltarão a crescer.
Tudo voltará ao normal, pois
terá sido apenas uma tempestade e a água, no fim, sempre seca.
Respire o ar puro de sua primavera. Aproveite-a e cultive-a em seu coração.
A primavera bem cultivada e aproveitada, se torna constante e não passa.
E só lhe deixa pronto para viver a incrível união entre a primavera e o verão parisiense.
Esse sim, você conhece muito bem. Então, viva, aproveite suas flores que brotam,
plante amor e ele brotará fazendo seu coração explodir, pois só o amor traz a felicidade,
a sabedoria, o discernimento, só o amor nos faz amar e só o amor nos faz deixar de amar
quem, por algum motivo, nos foi tirado.
 Ame. Ame. Ame.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

É tempo de bonanças.


Poseidon voltou a atacar.
As ondas voltaram a jorrar fortes
com quilômetros de altura,
provocando mais estragos.
Os corações se despedaçam mais,
só que a união entre os seres humanos, cresce.
Pode parecer esquisito ler isso,
mas dentro desse mar em tormenta,
essas palavras fazem o maior sentido.
Hoje, o terceiro dos filhos de Poseidon,
o enfrentou. Falou e não calou mais.
Esbravejou tecnologicamente,
mas tirou de si um enorme peso:
dessa vez eu tentei.
Não haverá mais quem possa dizer,
que o terceiro da linhagem do rei dos mares,
se calou e não tentou.
A rejeição, ao contrário do que ele
sonhara em ser vencida pelo dito amor
incondicional que Poseidon jurava ter pelos filhos,
não acabou. Continua mais forte.
Agora não cabe mais aos filhos, muito menos a Zeus,
cabe ao próprio dono dos mares,
das águas salgadas.
Como dizia um certo reclame comercial, de certo, adaptado por quem vos escreve:
"O tempo passa, o tempo voa, e tudo continua numa boa",
Os filhos de Poseidon, aliados a Zeus, terão de dar à porra do tempo, a desgraça do tempo,
enquanto isso não ocorre, deixe o grande deus lá, só, sem companhia,
a velhice e o desejo de estar de volta à família lhe pesarão,
e como sempre faz, dará às suas águas um certo tom de tranquilidade,
presenteando a todos, ao invés de lhes dar carinho e amor.
Essa é a forma torta, digamos assim, que ele sempre se redime.
Isso cansa, confesso-lhes, mas nem sempre temos
o que queremos em quem queremos.
É tempo, agora, de deixar a maré se acalmar,
para dar novos passeios por Londres, Atenas, Barcelona,
quem sabe. Novos rumos, novos ares, são sempre bem vindos.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Depois da tempestade, vem a bonança.


Tive um dia tão agradável em Londres,
mas anoiteceu e tive de voltar às pressas para Paris.
Não imaginava, o que viria pela frente
durante a travessia da minha barca.
Enquanto todos respiravam saudosistas por seu dia londrino,
eis que pelo jeito Poseidon se irritou com algum problema em seu reinado
e o tempo virou. Começou uma enorme tempestade.
Foram ventos fortes, ondas gigantes, o mar agitado,
nos levava rolando pela barca, de um lado para o outro.
Alguns caíram em alto mar e lá ficaram,
outros saíram feridos,
mas, principalmente, a maioria saiu destroçado.
A tormenta durou várias horas,
era triste ver pessoas caindo no mar,
outras se ferindo e a maioria sendo devastada
pela fúria do deus dos mares.
Ninguém entendia o que houve ali.
E do nada, a tempestade passou. Estranho! Esquisito!
Sobraram apenas os destroços da barca.
Os que sobreviveram, se seguravam nas partes destruídas,
para que não perdessem suas vidas.
Poseidon fez um grande estrago. Os rumores apontaram para problemas
entre ele e uma de suas filhas, que deu com a língua nos dentes, sem querer,
e revelou os pontos fracos de seu pai.
Depois que fomos salvos por Zeus, que intercedeu pelo fim da nossa era,
e nos fez chegar em terra firme sãos e salvos, só nos restou esperar
o amanhecer de mais um dia de outono.
Ao chegar em casa, minha maior preocupação
era com aquela bela flor que brotara no jardim do vizinho,
e, claro, com o broto que havia surgido em meu próprio jardim.
Sentira tanta falta da beleza deles, que eram as únicas coisas que importavam,
para mim, ao chegar em casa. E lá estavam eles, praticamente, intactos.
A tempestade marítima gerou alguns respingos em minha formosa flor,
mas ela está bem, se mantém forte e cresce cada dia mais linda,
se é que isso seria possível.
O meu broto? Ah, meu broto, ele estava ali, quietinho, quase não sofreu arranhões
com a tempestade. Ele está firma e forte em seu lugar.
Percebo, que talvez, sua raiz esteja, primeiro, se fortalecendo,
para, em seguida, brotar a mais bela flor desse jardim de outono.
Ao menos, não pararei de regá-lo e protegê-lo, ele é minha esperança particular,
além é claro, de manter a flor do meu vizinho bastante regada e protegida.

domingo, 12 de maio de 2013

Un jour à Londres.

Hoje, acordei e fiz diferente.
Meu outono estava lindo demais , cheio de folhas
amarelas permeando por todos
os caminhos que passo, para ficar ali parado a admirá-lo ainda mais.
Precisava do novo, do diferente.
Não pensei em nada,
peguei a primeira barca em direção à Londres, e pra lá eu fui.
Sim. Eu precisava respirar outros ares.
Não que o parisiense deixara de me fazer bem, jamais,
porém hoje precisa do londrino.
Algo havia me intuído que o outono primaverístico de lá,
estava bem mais agradável e vistoso, do que o daqui.
Então, decidi partir e fui em busca desse novo cenário.
De fato, o cenário é incrível.
Algumas árvores secas, pelo outono que ainda resta, mas as primeiras rosas brancas
saltam do chão, em direção aos corações
de quem, por ali, passa, irradiando-os de felicidade e tranquilidade.
Hoje, só chorei ao amanhecer do dia, ainda em Paris,
pois estava bastante frio por lá, e meu coração pedia uma quentura a mais.
Portanto, nada melhor do que ir a Londres.
Chegando lá, passei pelas proximidades de Buckingham.
O castelo da rainha está, como sempre, encantador,
despertando a curiosidade de quem passa por perto,
que dirá, de quem chega até lá.
Mas hoje eu não quis se quer olhá-lo. Já o conheço bem, e
eu e minha grande amiga, a rainha, isso mesmo, a própria, nos desentendemos.
Preferi não passar por lá, para não gerar riscos de termos
mais algumas rusgas e, como sempre, eu acabar por sair ferido.
Eu sou mais forte que isso e eu mereço mais, claro.
Se ela cortou relações, quem serei eu a revidá-las?
E como o palácio está com visitas, melhor mesmo ficar bem distante.
Afinal, como Buarque diz, "quem brincava de princesa, costumou na fantasia",
então, quem vai se meter a besta, não é mesmo?
Deixa ela lá, na sua fantasia de princesa,
pois um dia o salto quebra, e ela cai na real.
Mas voltemos a falar de coisas boas.
A Trafalgar Square continua arrancando suspiros meus.

Afinal, de quem ela não arrancaria?
Justamente, pelas fontes, que são lindas,
que simbolizam a renovação, a renovação da vida,
a renovação da minha vida.
A água que dela jorra, sai forte, feito como bate meu coração,
que embora ainda em cicatrização, encontra-se feliz e aberto
às próximas estações, feliz e aberto para a primavera que começa a brotar.
Ah, Londres! Que saudades senti de você. Paris me deixa tão enebriado,
que por segundos, esqueço do torpor que me causas.
Visitá-la foi fabuloso. Rever cada canto seu,
cada sorriso de quem passa por aí,
rever o meu sorriso... Definitivamente, eu não tenho palavras para você, minha cara.
Obrigado pela beleza que trazes à minha vida, querida Londres.
Meu coração é dividido entre você e Paris, sem priorizar nenhuma das duas.
Dou-te a minha palavra! E olhe que a palavra, para mim, é algo que conta bastante.
Sou como as pessoas de antigamente, sabe?
Se você fala, deve honrar o que disse e cumprir o dito.
Bom, o dia já está escurecendo.
Agora é hora de voltar para casa.
Meu jardim de outono precisa ser regado, outra vez.
Lembre-se que o jardim vizinho já começou a brotar flores, mas o meu ainda precisa estar de solo arado,
a grama aparada, para esperar a primeira flor surgir. E veja que mesmo assim, o primeiro broto já existe,
e eu não posso deixá-lo sem amparo.
Estou voltando para casa, Londres!
Em breve nos reencontraremos, minha querida.
Até lá! Cuide-se!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A primavera começa a brotar

Mais um dia frio de outono.
O destino fez com que passasse
pelo banco em que me sentava
à espera de uma boa companhia
para uma bela tarde de outono, lembra?
Hoje passei por lá,
e vi quem me fez companhia e partiu do nada,
está acompanhado de outro alguém.
Doeu. O clima esfriou na hora.
Hoje, mesmo tempos depois,
tendo calça, sapatos, casaco e luvas,
afinal de contas já passara um certo tempo,
em que eu dera tudo que tinha à minha companhia,
eu senti o gélido frio tocar minha espinha.
Foi um arrepio tremendo.
Enquanto eu estou a me descobrir,
ela já está com outro alguém.
Me deu uma tristeza, mas passou,
ao menos por enquanto, pois eu
estou me buscando em mim mesmo.
Processo longo, doloroso, mas promete-se um final feliz.
Reinvestir meu amor, em mim mesmo.
Estamos em processos diferentes,
mas espero que encontre alegria com sua nova companhia,
e que não parta sem deixar rastros, outra vez.
Mesmo porque, de tanto olhar para minhas folhas caídas,
nem percebi passar por mim uma bela borboleta, linda, irresistível,

em que minha intuição mirava algum bom presságio.
E saí a acompanhá-la. Fui levado ao jardim vizinho ao meu.
Até, então, um mesmo jardim em pleno outono,
mas a danada borboleta eis que pousa, justamente,
em um local meio estranho, para um outono parisiense.
Ela pousa, exatamente, em cima de uma flor, tão vistosa,
delicada e encantadora, que me fez perceber que,
enquanto eu choro meu outono,
uma primavera, bem próxima a mim, brota e brota já com uma bela flor.

Sim, uma flor no jardim vizinho, mas essa vizinhança é tão próxima,
apenas com uma parede que nos separava, agora já não mais existe.
E eu vi que meu outono já nem importa mais tanto assim,
há uma flor nesse "meu" jardim que cresce, dia a dia, e precisa de mim,
nada ou ninguém arrancará mais essa felicidade de mim. É hora de regá-la.
Ela precisa de atenção, carinho e muito amor e, de mim, ela terá incondicionalmente.
Minha flor, seja bem vinda a esse outono com ares primaverísticos, pois nascerás em plena primavera.
Pois no que depender de mim, sua vida será uma primavera parisiense a todo instante.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mais um dia de outono...

Hoje o outono amanheceu mais frio, aliás,
durante toda a madrugada ele foi bastante rigoroso.
Antes mesmo do tempo virar, você sentira as sensações torturantes
que anunciavam o presságio da noite gélida que viria pela frente.
A dor no ossos, pelo vento frio que teimava em assoviar,
chegou na alma. Um silêncio ecoava de teu peito, a dor era grande.
Não haviam mais casaco, calça, meias, luvas,
só restaram meus calçados.
O sol raiou e veio uma tremenda ventania
mexeu com toda a aparência da cidade
as folhas voaram alto e ao caírem,
atingiram alguns corações e mais lágrimas rolaram.
Hoje foi um dia turbulento, ou melhor, tem sido,
mas o clima já está mais ameno. Agradável até para se tomar o sol das 16h.
Duas ventanias fortes, provocaram algumas rusgas,
mas nada que um belo lenço umedecido,
que te limpa a maquiagem borrada,
pela cachoeira que caíra de teus olhos, não resolva.
Mas uma coisa você tem a agradecer,
foram-se os anéis, ficaram-se os dedos,
ou melhor, os calçados, e é com eles,
que você, em pé, e não mais querendo algum banco,
ou pessoa, que não seja você, como sua companhia,
começará a caminhar por entre ruas e folhas,
por entre tardes agradáveis e noites gélidas,
mesmo que Buarque tenha tido razão ao dizer que,
"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu",
afinal tua companhia, daquela tarde agradável de início de outono, partiu.
Só fica uma resposta. Eu sou forte, você está vivo, estamos unidos e é hora de viver.
Boa sorte, em sua nova caminhada e que o outono, ao se encerrar, só te traga as melhores flores de sua primavera parisiense.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Outono em Paris

Há anéis que mudam de cor, de acordo com o ânimo de quem os usa.
Há capas de celulares que têm o mesmo efeito.
Hoje a minha está um outono em Paris.
Com um clima frio, mas, as vezes, agradável.
(dentro da minha vã suposição de quem nunca passou outono em Paris)
Laranja. Sim, bastante laranja, acinzentado e negro.
Algumas folhas verdes, que em algum tempo, amarelecem e cairão.
Enfim, poucas cores. Apenas o leve brilho que cintila,
naturalmente, das ruas, dos animais, rios e seus transeuntes.
Mas, acima de tudo, uma estação,
que tem seu início e seu fim, sem jamais perder sua beleza;
sua leveza; sua grandeza e, porque não, seu glamour, hum?
Bancos vazios, pessoas sentam e levantam,
as vezes, sem se quer se cumprimentarem.
Mas claro, qual a probabilidade de se conhecer alguém
que, do nada, senta, em um banco, ao seu lado?
Raras, porém, existentes. Educação, talvez, fosse a resposta para o
cumprimento que faltara da outra vez.
Mas há quem sente ao teu lado, nesse mesmo banco,
troque ideias, conte piadas, acalente teu frio e você oferece, então,
o pouco café quente que tem, para esquentar a pessoa e retribuir a gentileza.
O problema é que esse pouco café, era tudo que você tinha pelo resto do dia,
mas ele/ela é legal, desperta bons sentimentos,
que não haveria porque negar sua ajuda,
seu apreço, a quem te faz bem naquele instante.
E você dá o café, o casaco, a calça, as luvas, as meias.
E você fica apenas com seus calçados. Mas não custa nada, você ainda está
se entretendo com a pessoa, que parece mais sua velha amiga de infância,
aquela que você não vê desde o final do colegiado e que jamais dera notícias,
mesmo jurando amor e amizades eternos, ou, então, o "feitos um para o outro",
que enquanto eras criança, insistiram muito para que acreditastes em fábulas,
aquelas mesmas que te fazem sonhar junto, sabe?
Só que nessa hora, isso não importa, só importa você se sentir bem e fazer o mesmo pelo próximo.
Aí, chega o momento em que ninguém espera. O tempo passa e sua companhia, levanta-se e vai.
Você fica em choque! Tenta entender do porque da partida sem se quer um "Obrigado! Você é bastante gentil."
O choque parece ser eterno.
Aí, ela volta, você se enche de esperança que terá, novamente, a bela companhia,
naquela tarde fria de outono, mas ela veio apenas se despedir com um "Adeus!"
E você volta a ficar só naquele mesmo banco, vendo as pessoas passarem, é quando se enche de esperança, outra vez, respira fundo e pensa:
Amanhã, quando estiver nesse mesmo banco, o dia será melhor.
E no outro dia você está ali, sentado, parado, esperando a próxima companhia para uma tarde agradável e,
ninguém pára. Você volta no dia seguinte e, nada. Isso passa a se repetir incessantemente. Sua busca continua a insistir na mesma esperança em que encontrarás alguém para uma tarde agradável. Isso vai se tornando insuportável. Cada vez mais você continua correndo atrás dessa esperança e quanto mais se corre, mais longe ela fica e vem o momento em que você pára. Olha para si, percebe-se exausto, calejado, esgotado. Assim, você começa a conversar consigo mesmo e perguntar-se se estás bem, como seus músculos estão, se seu pulmão ainda funciona direito, e o meu coração? Oh, céus, como estará meu coração? Dilacerado?
Você percebe, meio sem perceber direito, e se dá conta de, apesar de todo o desgaste, você está vivo, seu coração bate na mesma velocidade de antes, com o mesmo vigor, e isso te faz a começar a se enxergar diferente. Você está vivo e isso é fabuloso! Eu sou forte, lutei, busquei, corri, cansei, mas estou de pé. Eu sou importante, minha saúde é importante e aí, sim, depois de tanta busca, vem a percepção de que não há melhor tarde agradável para se ter do que com a sua própria companhia.
É quando os galhos começam a brotar novamente, a primavera começa a dar os primeiros sinais de vida, por mais que depois do outono venha o inverno, isso não tem a mínima importância, você está bem, estou feliz. A primavera bate à sua porta, vamos, corre, abre a porta e sinta a brisa entrar por seus pulmões e revigorar sua alma, afinal, você não vai mais querer passar os próximos outonos sem a melhor companhia da vida, você mesmo.
Bem vindo, à primavera parisiense, à minha primavera parisiense!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

"Se meu mundo caiu,
eu que aprende a levantar",
disse certa vez Maysa.
A queda não foi agradável,
aliás, dificilmente, elas são,
mas a porra do tempo se esvai
e a desgraça do tempo sana.
Sanado pela manhã e agora.
A gente levanta e tropeça,
dá com a cara no chão,
arranha-se e borra a maquiagem,
mas nada que o lenço umedecido não resolva.
Limpa-se o rosto, as lágrimas, o sangue
e as feridas cicatrizam à medida que
a merda do tempo passa.
Hoje sim, ontem não. Amanhã? Talvez.
Vai saber! Nuns dias, o show pára,
noutros, como dizia Elis, tem de continuar.