quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ame. Ame. Ame.


Está bem, tenho de aceitar que hoje é a minha primeira noite de insônia,
desde que tudo começou a desandar, ou como preferem dizer minha psicóloga e terapeuta,
em que começaram-se as mudanças.
As vezes Poseidon e Hades se confundem numa mesma pessoa.
Isso é confuso. Ou você controla, ou pensa em controlar, os mares,
ou o reino dos mortos. Só que Poseidon tem sido tão enfático, que parece
entrar em uma fusão com Hades. Isso me assusta, mas ninguém melhor do que Zeus,
irmão de ambos, para empatar essa fusão ou apartar os conflitos gerados por ela.
Seja Hades ou Poseidon, enfim, isso não importa nesse momento,
mas o importante é que ao avistar os fundos do meu jardim de outono, da janela da cozinha,
percebo, bem lá de longe, sem muita certeza, portanto, que parece-me que algumas flores brotam da grama.
Serão mesmo flores? Estou confuso. Serão flores que anunciam a primavera,
ou alguns flocos de neve, que de longe nos confunde como uma flor brotada?
As vezes creio que minha primavera já chegara, noutras, tenho medo disso ser verdade.
Tenho medo de ser só ilusão ou que sendo verdade, ela não traga apenas bons momentos.
Isso me deixa paralisado e apático. Tenso.
És tu primavera parisiense, ou apenas mais flocos de neve que anunciam outro inverno rigoroso?
Não sei ainda. A visão que tenho é tão embaçada, que gera minha incerteza.
O medo não me permite chegar até lá e enfrentar seja qual for a situação.
Lembrei-me de Bunckingham, por um instante, e não foi uma boa lembrança.
A rainha me parece muito mais a Rainha de Copas de Alice,
do que o rei Sutão de Alladdin.
"Cortem-lhe a cabeça" ou "Gênio, eu desejo ser muito feliz!"
Rá! Felicidade, como se tu existisses plenamente.
Mas todos não a buscam? Então acreditemos que ela existe, ora bolas!
Estou entre a cruz e a espada. Se correr, o bicho pega, mas se ficar, sou dilacerado.
Uma confusão permeia minha alma e mente. Não sabemos qual decisão tomar:
seguir à diante e enfrentar a paisagem branca que se apresenta, ou continuar da janela esperando ver
se ela aumenta, por serem flores brotando, ou se seu crescimento é só pela nevasca que começara a cair.
Tenho medo. Estou paralisado. Não sei que decisão tomar. É o medo do futuro.
No entanto, futuro esse de quem ainda não consegue enxergá-lo,
mas que, ironicamente, ele se apresenta em forma de presente bem sucedido a cada dia.
Ou, o medo de um novo inverno que por pouco arrancara meu sangue de dentro de mim.
O novo congela, pára, inativa o ser humano, talvez até, tire a coragem para desfrutá-lo.
Está bem, estou com medo. Ele está com medo.
Em certo momento do meu medo, corri para a janela da frente e avistei meu pequeno broto. Como ele estará?
Ufa! Ele está firme, forte, sem nada branco ao seu redor.
Porém, ainda estou nervoso, só que um pouco mais aliviado, se forem flocos de neve, eles ainda não atingiram minha esperança particular, e sendo assim, eu tenho chances de não deixar que isso ocorra.
Foi quando, corri para a janela da qual avisto o jardim vizinho e me assustei.
Uma enorme névoa sombreava minha flor. Fiquei desesperado. Jurei a mim mesmo que não a deixaria sofrer se quer nenhum arranhão. E agora? Ela está em perigo, mas meu medo me trava. O que faço?
Voltei para a cozinha. Meu medo ainda me deixa imóvel.
Ele não quer enfrentar a paisagem branca ao fundo do seu jardim de outono,
pelo receio de não serem flores, anunciando alguma primavera,
mas sim, flocos de neve que caem rapidamente, gerando uma forte nevasca.
Mas, eu sou forte, eu sou muito maior que o meu medo, eu sou mais eu e eu mereço mais do que singelos floquinhos de neve e um presságio de nevasca que será irrisória.
Eu mereço mais, então, portanto, eu assumo o início da minha primavera parisiense, nem que para isso,
eu mesmo tenha de expulsar os flocos de neve do meu jardim.
Diria-me Louise Hay, se acaso nos encontrássemos e lhe contasse toda a história. Ela sempre diz: comece com afirmações positivas, elas gerarão sentimentos positivos e ambos aliados, gerarão, ações positivas e sua vida começará a mudar, do micro, para o macro.
Então, está bem, sou forte o suficiente para assumir: minha primavera parisiense começou.
A coragem tomou-me por inteiro, que nem sei explicar como isso ocorreu,
e lá eu fui, nos fundos do meu jardim de outono e constatei, são flores que brotam.
A felicidade, também, tomou-me por inteiro, nem sei como explicar, só sei
que me fez correr para a janela em que vejo o jardim vizinho, e ver que a névoa passara.
Estou feliz e aliviado. Consegui salvar minha florzinha. Sim, eu consegui.
Corri, então, para a janela da frente, como estaria meu broto?
E o avistei intacto.
Ai, que alívio. Finalmente, pude respirar profundamente.
Inspirei. Respirei. Não pirei, por pouco, eu sei, mas não pirei e isso é o que importa, ora.
Fora só um susto que quase tomou conta de meus anseios e desejos.
Mas espere!
E se o medo da nevasca ou do frio voltar a incomodar o início de minha primavera?
Relaxa. Inspira. Respira. Não pira. Não se estresse à toa e não tema por antecedência.
Eu sei, é difícil, pessoas ansiosas não sofrerem de véspera, é quase que arrancar seus corações.
Mas não tema, pois na primavera também há chuva.
No entanto....se a chuva for forte e destruir minhas flores?
Calma, confia em ti mesmo, confia na energia espiritual, em deus, com o tempo, as flores voltarão a crescer.
Tudo voltará ao normal, pois
terá sido apenas uma tempestade e a água, no fim, sempre seca.
Respire o ar puro de sua primavera. Aproveite-a e cultive-a em seu coração.
A primavera bem cultivada e aproveitada, se torna constante e não passa.
E só lhe deixa pronto para viver a incrível união entre a primavera e o verão parisiense.
Esse sim, você conhece muito bem. Então, viva, aproveite suas flores que brotam,
plante amor e ele brotará fazendo seu coração explodir, pois só o amor traz a felicidade,
a sabedoria, o discernimento, só o amor nos faz amar e só o amor nos faz deixar de amar
quem, por algum motivo, nos foi tirado.
 Ame. Ame. Ame.

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei o texto. Me vi em algumas partes. Muito bom Ricardo. Beijos!