terça-feira, 20 de agosto de 2013

Estou chocado, perplexo!
Paris nunca esteve tão à flor da pele, como hoje.
Foi um dia intenso, haviam mais pessoas, do que o normal. Uma correria absurda.
Movimento intenso, emoções intensas. ///
Ah! // Suspiros não foram suficientes para controlarem
minha surpresa, por tamanha correria alheia,
enquanto eu estava no fronte de batalha,
perdido entre balas, tanques e seres humanos
sendo lançados de um lado para o outro.

Enquanto tentava driblar tudo que passava em meio a mim,
a única coisa que pensei foi em me abaixar, pois se estás na guerra,
deitar-se ao chão, talvez fosse a melhor escolha para tentar evitar de ser atingido.
Hoje, com a cidade mais calma, comigo mais calmo,
não sei bem se foi a melhor opção, mas foi a que menos me causou prejuízo.
Não enfrentei, não fugi, não retruquei, apenas me abaixei e
permitir que todas as munições cruzassem umas as outras,
e não me atingissem senão, de raspão. Ora, os ferimentos seriam e foram os menores.
Foi em Paris que encontrei meu refúgio, foi aqui que me curei, foi aqui que voltei a viver.
Pensei que seria mais fácil de ser entendido pelos seres que me acompanhavam até então.
Enganei-me feio. Frustrei-me. Mas, agora, fiz um peeling de diamante e as rugas de preocupação se foram.
Deu para perceber, não é?!
Se quem dizia ser meu amigo, não quis entender meu refúgio, amigo meu nunca foi.
O engraçado é que todos eles já sofreram pelo mesmo motivo que eu, e na época, quiseram o apoio
dos mais próximos, eu, era um deles, e dei todo apoio incondicional.
Já a mim, foi negado, lavaram-se as mãos.
É! É a velha história do sempre venha nós, e nada ao vosso reino.
Talvez porque, ou, se sentissem angustiados por me verem na situação em que estive e não soubessem o que fazer, porém vale informar que eu dei diversas dicas de como me ajudar e deixei bastante claro, que eu estava sofrendo, minha forma de sofrer era essa, eu não fingiria estar tudo bem, só pra ser aceito socialmente, e que meu sofrimento deveria e valia, sim, ser sentido, não pelo próximo, mas por mim, por minha causa, por necessitar disso, por precisar morrer, para reviver.
Ou talvez, porque as pessoas não saibam mais lidar com as outras, quem sabe até, muito menos com as que expõem seus sentimentos, haja vista a sociedade fria e mórbida em que vivemos. Muito provavelmente poderia ter sido pelo fato de que me ver sofrer pelo que sentia, fizesse com que elas se identificassem com minha dor, pois já sentiram também, e relembrá-las de como ficaram, as fazia mal. Ou talvez qualquer motivo, além desses, ou que não tivesse nada a ver com esses.
O importante a frisar é que jamais lavei minha mãos para eles, jamais os julguei de errados ou certos por terem lavado-as para mim, ou pela forma em sofreram pelo mesmo motivo, frustrei-me, sim, me entristeci, sim, eram meus amigos, e pude reparar que só carregavam esse título, quando eu estava feliz, engraçado e divertido.
Só lastimo por eles, por não saberem lidar com sentimentos, pois se não sabem com os dos outros, muito menos saberão com os deles. A fragilidade é interna, a grosseria e a recusa dela, externas.
Além disso, nunca os julguei de certos ou errados, perante os meus conceitos, os tenho, mas os guardo para mim. Declaro, apenas, minha tristeza, no entanto, tento justificar as atitudes deles, eu sou relativista mesmo. Dá nisso! Só que fui julgado de errado e de tudo mais, por meu isolamento, pelo modo em que eu funciono, por precisar sofrer, para me sentir bem, (você já deve ter se tocado sobre qual mito refiro-me a mim mesmo), eu fui julgado, escrachado, desvirtuado, abandonado, por não seguir um sentimento frio e social.
Desculpem-me, meu inverno foi rigoroso demais, estando sempre em busca do verão parisiense que começo a viver, para me tornar frio e gélido, constantemente, somente para ser aceito como uma pessoa atrativa. Eu atraiu e vou atrair a quem quer que seja, pelas minhas virtudes, meus defeitos - os quais procuro sempre assumi-los e gerar minha própria evolução-, seja pela minha alegria, e, principalmente, seja pela minha tristeza. Eu sou assim e continuarei sendo. As alterações serão apenas as com cunho evolutivo, pois o primeiro passo para elas, eu já dei há muito tempo: reconhecer meus erros, pensar em todos os lados de uma mesma situação, me colocar no lugar do próximo, antes de julgá-lo. Já os demais, só tenho a desejar que repensem seus conceitos. O ser humano evolui, também, e, principalmente, pela revisão e reconstrução deles.

Eu, hoje, vivo os primeiros dias do meu verão em Paris. Um verão vistoso e bastante florido. Um verão em que tenho descoberto ser a minha melhor companhia, o meu melhor amor, o meu melhor companheiro.
Sim, tenho amigos, alguns se foram, desde que me mudei para cá, mas outros sempre vêem me visitar, e os novos desembarcaram a pouco e fui recebê-los no saguão do aeroporto, no cais do porto, na sala de desembarque rodoviário e ferroviário, enfim, de todos os lugares de que eles vierem, sejam os novos, os antigos, todos serão bem recebidos por mim e, o mais importante, todos vibram por mim, por minhas conquistas.
Eu sei, sim, eu sei que colhemos o que plantamos. Mas há sempre uma nova oportunidade de plantar, e outra, de colher. Eu tenho plantado novos ramos, e os brotos já começam a desabrochar e a hora da colheita chegará, logo mais. Por mais que "quem já perdeu a esperança, não tem medo de se desesperar"*, diria Medeia de "Saluba.Medeia", porém, "Os começos são bons, os finais, tristes, mas são os meios que contam mais. Quando estiver no começo, é só deixar o carro da esperança passar, que o resto virá", diria Burdh, de "Quando o amor acontece". Ambas têm total sentido, mas, eu não perdi as minhas esperanças, portanto, não perca as suas, não percamos as nossas.
Paris, hoje, está calma, tranquila, o fronte findou-se, as lembranças da guerra, se esvaem com o passar das horas. As esperanças não foram perdidas, percebe?
O glamour, o poder, a sabedoria e  discernimento, também!
Agora, é hora de abrir a janela da frente e voltar a regar meu broto e observá-lo crescer e dar folhas e frutos bem vistosos e saborosos. Vai, rega o teu! Bom desempenho. Contudo, para que ele cresça a cada dia mais bonito, lembre-se, ame, ame, ame.


* JUNIOR, Celso. Saluba.Medeia, 2013.

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