domingo, 15 de junho de 2014

"Busquei vocês no mundo,
busquei vocês no fundo,
um amor pra me embalar..."
É mais ou menos o que diz a cantora Daniela Mercury
em seu ultimo álbum, "Canibália".
Diz ela também, em outro de seus álbuns,
"Ballet Mulato", que
"as coisas um dia perdem a validade,
(..) a máquina desliga, a tinta solta,
o espelho um dia perde a vaidade.
(...) o tempo corre, a rosa morre,
(..) a dor sobrepuja a felicidade,
(...) a barriga cresce, a maçã perece,
nem tudo funciona de verdade(...)"
Foram nove anos. Foram 24 meses,
em que nem tudo funcionava de verdade.
O espelho perdeu a vaidade, a barriga cresceu,
a maçã pereceu com a dor que sobrepujou a felicidade.
E eis que busquei vocês no mundo, no fundo,
um amor pra me embalar.
Vocês: eu e você que me constitui e havia esquecido disso.
Um amor, o amor que nos embala.
Dias e mais dias, a perder de vista, sendo metade.
Eu não sei ser metade!
Mas de metade tenho vivido, vinha vivendo.
Metade a ser inteira, e de um inteiro a ser arrancado de mim,
em que a dor sentida não mais sobrepuja a felicidade.
A dor desse parir, é dor gerando felicidade.
É dor necessária a se viver, essencial de se viver.
Não burle seu desejo por fantasmas que não se desinstalaram de ti.
Se você quer, você arranja tempo, dinheiro e até vida para [se] construir-se.
Pare de medo, perca o receio, e faça. E se queres há tempos,
algo que seja fundamental a ti, faças ainda mais de verdade.
Pare de boicotar sua vida!
Ora, ora, ora. Quanto auto boicote.
Mas não havia existência para se boicotar.
O boicote partia de desfazer o ser, estar e permanecer e agir.
E o viver se esvai como a água corrente da torneira mais próxima.
Nove anos, vinte e quatro meses, e dezessete que serviram para construir.
Construir o princípio, que tornou-se metade, e que berra a ser inteira.



EU NÃO SEI SER METADE!!!
(leia-se essa frase com bastante ênfase,
embora não torne isto mais importante que o ser inteiro)



Não desista de si, como desisti de mim por 9 anos.
Não que meus medos tenham se findado. Não.

Não mesmo. Ainda existem aos montes.
Mas foi meu primeiro passo pra poder viver o que queria,
o primeiro passo para ser.
(respire e conte até dez)
Não, não sabem. Não há porque comentar.
Sim, há! Mas não sabem de início. Há de se descobrir.
Boicotar. Verbo no infinitivo, primeira conjugação.
Palavra verbalizada que tira do sério, e instaura o pânico.
Palavra verbalizada acompanhada de um suntuoso e formidável...medo.
O mais fácil é recorrer à inércia. Não recorra, corra.
Os dois anos que sucederam a pouco,
foi o tempo suficiente para ir e voltar,
para ser metade e da metade tornar-se um inteiro gerando-se.
Uma culpa gerada e bipartida, e todos com sua parcela dela.
Culpa essa que serviu somente para esvair, findar com toda coragem.
Culpa que dela tornou-se a coragem,
e brotou força de onde não havia mais,
culpa que fez da metade o inteiro.
E é desse inteiro que inteira a força para cada manhã,
a certeza de que apesar de tudo,
as coisas são diferentes,
e o antes jamais deixou que o futuro
se fizesse apenas sonhado.
O antes não empata de haver hoje,
o antes permite que hoje não seja mais como se foi,
mas que hoje seja a junção do presente e do futuro,
unindo-se em busca de uma harmonia a ser vivida e desfrutada.
Afinal, eu não sei ser metade.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Eu não sei ser metade.
Mas dessa metade
que se é reconstruído o todo.
Um todo no novo, um novo em todo.
Há nove anos, há 17 meses,
Fui, fomos, me torno, sou,
deixamos, partimos, parto.
De Gonçalves, a ouvidores,
do gago da Riachuelo, entre largos suíços, os arcos da Gonçalo.
Eu, eu meio, eu inteiro, evaporo.
Evaporando de um jogo de xadrez, um xeque-mate.
Um tabuleiro da baiana, entre ladeiras e morros.
Ganzás e chic chic booms.
Caróis, Brabecs,  Mays, Laras, Daniellas e Marcelas,
Mileises, Byrons, eus.
Consequências, escolhas, renúncias, resultados.
Inteiros partidos, inteiro na metade.
Há quem vai, há quem foi, há quem desista, há as travas.
Venci, criei outras, as vencerei.
Uma ida, uma metade descontruída, uma metade erguida.
Seres, amores, exitências, vida.
E da metade se brota a árvore da garra, da crença, da certeza.

Da metade, me torno inteiro.